Doença de Alzheimer |
Tratamento
- O que o paciente pode esperar do tratamento?
- Como outros profissionais da saúde podem ajudar no tratamento?
- Que drogas podem ser usadas no tratamento da doença de Alzheimer?
- Quais são os medicamentos que atuam diretamente na doença?
- Para que servem os inibidores da acetil-colinesterase?
- Que resultados podem ser obtidos com os inibidores da acetil-colinesterase?
- Quais são efeitos colaterais dos inibidores da acetil-colinesterase?
- Para que serve a memantina?
- Que drogas são utilizadas nas alterações de comportamento?
- Como saber se as drogas estão sendo eficientes?
- É possível prevenir a doença de Alzheimer?
- Não pode haver a expectativa de que apenas tomar um comprimido vai resolver os problemas trazidos por uma doença tão devastadora.
- Não existe nenhum tratamento miraculoso e rápido para a doença. Os resultados tendem a ser ou estabilização dos sintomas ou ganhos modestos que levam algum tempo para aparecer.
Como outros profissionais da saúde podem ajudar no tratamento?
- As perdas na independência funcional podem ser diminuídas ou estabilizadas com treinamento e reabilitação;
- As dificuldades de linguagem e, em estágio mais adiantado, as alterações para engolir podem ser acompanhadas por um fonoaudiólogo;
- As complicações decorrentes das alterações de apetite e de comportamento, associadas à dificuldade de linguagem, podem ser minoradas com o auxílio de uma enfermeira, que será essencial nos estágios mais avançados da doença;
- Um profissional treinado pode assessorar nas modificações para tornar o lar mais seguro e no manejo adequado de cada paciente.
Existem dois tipos de drogas:
- as que atuam diretamente sobre a doença;
- as que atuam sobre complicações ou conseqüências da doença, como as alterações de comportamento.
Como não se sabe a causa da deposição de proteínas anormais nessa doença, é impossível atacar a raiz do problema. Entretanto, em um período não muito longo, poderão estar disponíveis drogas que aumentam a sobrevida dos neurônios. Elas podem fazer com que a doença progrida mais devagar ou até mesmo estacione. No momento, existem as drogas que evitam a decomposição da acetil-colina - os inibidores de acetil-colisterase e a memantina.
Para que servem os inibidores da acetil-colinesterase?
Na fase inicial da doença, ocorre principalmente a perda de neurônios que usam como mensageiro a acetil-colina, uma substância importante no processo de memória e aprendizado. A acetil-colina é produzida no cérebro a partir da colina, presente em alimentos da dieta do dia-a-dia. Depois de utilizada como mensageiro químico entre os neurônios, a acetil-colina é degradada pela enzima acetil-colinesterase, transformando-se novamente em colina.
Se existe uma deficiência na produção de acetil-colina, um modo de controlar o problema é evitar que a pouca acetil-colina produzida seja degradada, impedindo a ação da enzima através dos inibidores, ou seja, os inibidores da acetil-colinesterase.
Que resultados podem ser obtidos com os inibidores da acetil-colinesterase?
Em princípio o tratamento com essas drogas tem mais chance de sucesso no início da doença, mas também é possível haver melhora em fases um pouco mais avançadas.
A resposta de melhora, com a pessoa voltando a fazer coisas que não conseguia mais devido á progressão da doença, não é a mais comum. A estabilização, com a progressão interrompida ou tornando-se mais lenta, é mais freqüente. Muitas pessoas não apresentam resposta alguma.
Algumas pessoas podem apresentar uma resposta ao medicamento logo no início, o mais comum é observar o efeito após dois a quatro meses de tratamento.
É importante lembrar que uma boa resposta ao tratamento depende da utilização da dosagem correta e por um tempo adequado e nada impede que o paciente melhore no início e depois volte a piorar, pois a doença é progressiva.
Quais são efeitos colaterais dos inibidores da acetil-colinesterase?
O principal efeito colateral é sobre o tubo digestivo, podendo haver náuseas, vômitos ou diarréia. Não é raro a pessoa apresentar agitação ou dor de cabeça. Aparecendo algum desses sintomas, a medicação não deve ser interrompida - o médico deve rever a dosagem ou adotar alguma medicação para combater os efeitos colaterais.
Para que serve a memantina?
No cérebro existem amino-ácidos excitatórios, o aspartato e o glutamato, que são importantes no processo de aprendizado e memória. Quando sua ação é excessiva, esses amino-ácidos causam lesão e morte dos neurônios, sendo este um dos mecanismos da doença de Alzheimer. A memantina atua diminuindo a ação do glutamato sobre seus receptores, trazendo-os para níveis mais fisiológicos. Neste sentido, do mesmo modo, embora por um outro mecanismo, a memantina pode estabilizar sintomas e retardar a evolução da doença.
Que drogas são utilizadas nas alterações de comportamento?
As alterações do comportamento são um aspecto à parte. Antes de pensar em medicamentos, é essencial verificar se existe um precipitante para o distúrbio como, por exemplo, a maneira como o cuidador aborda o paciente que não quer tomar banho. Muitas vezes, uma orientação adequada resolve o problema. Quando a medicação é necessária, ela deve ser usada na menor dose possível e pelo tempo estritamente necessário. É preciso lembrar que muitos dos medicamentos para controle de agitação e agressividade podem piorar a confusão mental ou deixar a pessoa rígida, trazendo dificuldades para a movimentação, inclusive para caminhar e engolir.
Como saber se as drogas estão sendo eficientes?
As medicações que atuam diretamente na doença são caras e de uso prolongado. É importante, na medida do possível, certificar-se de sua eficiência, por meio de:
- a avaliação funcional, observando como a pessoa está desempenhando suas atividades no dia-a-dia;
- a avaliação cognitiva (de memória, linguagem e outras funções), que deve ser feita por profissional treinado.
É possível prevenir a doença de Alzheimer?
Não existe maneira totalmente eficaz de prevenção, mas já foram identificados alguns fatores que podem mudar o seu curso. Pessoas com alta escolaridade e atividade intelectual intensa apresentam os sintomas somente quando a atrofia cerebral está em um estágio mais avançado do que em pessoas com baixa escolaridade, ou seja, nessas pessoas com maior atividade intelectual é necessária maior perda de neurônios para que apareçam os mesmos sintomas de pessoas com menor atividade intelectual.
Do mesmo modo, o uso de vitamina E em alta dose e a reposição de hormônios, para as mulheres que entraram na menopausa, podem diminuir a chance da doença, fazendo com que ela apareça mais devagar. Mais recentemente demonstrou-se um efeito semelhante com o uso de anti-inflamatórios. Como se pode ver, aspectos fundamentais da doença ainda são desconhecidos, mas o que já se sabe não justifica uma atitude de "nada existe para fazer".
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